O debate entre os candidatos presidenciais apoiados pelos dois maiores partidos, António José Seguro (PS) e Luís Marques Mendes (PSD/CDS), foi marcado por uma notável convergência em temas institucionais, como a crise na justiça, mas também por claras divergências ideológicas, em particular na reforma da legislação laboral. Ambos os candidatos foram unânimes na crítica à situação da justiça, impulsionada pela recente divulgação de escutas da 'Operação Influencer'. Seguro considerou a situação "muito grave" e Marques Mendes classificou-a como "inqualificável", com ambos a defenderem que o Procurador-Geral da República deve prestar esclarecimentos.
Esta sintonia, no entanto, desfez-se ao abordar a proposta de lei laboral do Governo.
Marques Mendes defendeu a necessidade da reforma, embora admitindo que o documento final "não será nada, nada, nada parecido" com a proposta inicial, enquanto Seguro se alinhou com as críticas dos sindicatos, vendo na proposta um retrocesso.
Outro ponto de distinção foi o estilo de presidência que cada um propõe.
Marques Mendes procurou posicionar-se como um Presidente "mais interventivo" e "proativo", em contraste com o perfil que atribuiu a Seguro.
O debate serviu para os dois candidatos, com vasta experiência política, tentarem solidificar o apoio dentro das suas respetivas "famílias políticas" e, ao mesmo tempo, demarcar as suas diferenças para o eleitorado mais vasto.
Em resumoO frente a frente entre Seguro e Mendes demonstrou que, apesar de partilharem preocupações sobre o estado das instituições, as suas visões para o país divergem em matérias socioeconómicas fundamentais. O debate clarificou as suas diferentes abordagens ao cargo presidencial e consolidou a reforma laboral como um dos principais campos de batalha ideológica da atualidade política.