O líder do Chega, André Ventura, alterou a sua posição sobre o pacote laboral do Governo, criticando-o duramente no dia da greve geral. Esta mudança de postura é vista como um movimento estratégico que pode comprometer a aprovação da reforma no Parlamento, onde o apoio do Chega é crucial para o executivo minoritário da AD. Após uma fase inicial de maior abertura, Ventura endureceu o tom, classificando uma das medidas propostas como uma “burrice” e afirmando que o seu partido não está disponível para aprovar uma lei que considera ser “um bar aberto de despedimentos e um ataque às mães e aos direitos dos trabalhadores”. Esta viragem foi interpretada por vários analistas como uma manobra tática.
O comentador Pedro Adão e Silva sugeriu que Ventura “está sempre alinhado com aquilo que lhe cheira que é o sentimento maioritário conjuntural”, indicando que o líder do Chega terá sentido a força do descontentamento social.
A mudança não passou despercebida aos seus adversários políticos.
No debate presidencial, Jorge Pinto acusou-o de ser um “catavento” e “troca-tintas”.
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, também destacou que André Ventura “altera o seu discurso” após ter visto a mobilização da greve.
Com esta nova posição, Ventura coloca-se como uma figura central e imprevisível na aprovação da legislação, transformando-se, paradoxalmente, num obstáculo fundamental para o Governo de direita e numa esperança para a esquerda que pretende travar a reforma.
Em resumoA viragem de André Ventura na questão laboral representa um revés significativo para o Governo, que contava com o seu apoio parlamentar. Este movimento tático, embora criticado como oportunista, reforça o papel central do Chega na atual legislatura e torna o futuro de uma das principais reformas do executivo altamente incerto.