A greve geral provocou uma notável alteração na dinâmica de poder parlamentar, com André Ventura a sinalizar que o Chega poderá votar contra o pacote laboral do Governo. Esta mudança de posição é crucial, dado que o executivo minoritário da AD depende do apoio ou abstenção do Chega para aprovar legislação fundamental. Na sequência da forte contestação social, André Ventura afirmou que "o Chega não está disponível para uma lei que seja um bar aberto de despedimentos e um ataque às mães e aos direitos dos trabalhadores". O líder do Chega criticou especificamente a intenção de impedir a reintegração de trabalhadores após despedimento ilícito, considerando-a uma demonstração de "falta de humanidade".
Esta viragem foi interpretada pelos seus adversários políticos, como António José Seguro e Jorge Pinto, como uma manobra oportunista, acusando Ventura de ser "um catavento e um troca-tintas".
O candidato do PCP, António Filipe, também realçou a "mudança no discurso do Chega", que atribuiu ao "grande sucesso da greve geral".
A nova posição de Ventura coloca o Governo de Luís Montenegro numa situação de maior isolamento político, já que não pode contar com o apoio garantido do Chega para uma das suas reformas mais importantes. Esta dinâmica aumenta significativamente o poder de negociação de Ventura, que se posiciona como o árbitro decisivo do destino da reforma laboral no Parlamento.
Em resumoA mudança estratégica de André Ventura, aparentemente motivada pela pressão social da greve geral, fragiliza a posição do Governo sobre a reforma laboral, aumenta o poder de influência do Chega e torna a aprovação do pacote legislativo no Parlamento muito mais incerta.