A primeira greve geral convocada em conjunto pela CGTP e UGT em doze anos paralisou setores-chave do país, constituindo um forte sinal de contestação ao pacote de reforma laboral do Governo. A paralisação gerou uma acesa guerra de números sobre a adesão e expôs as fragilidades políticas do executivo minoritário de Luís Montenegro.\n\nEnquanto os sindicatos reivindicaram uma adesão histórica de mais de três milhões de trabalhadores e uma das "maiores greves de sempre", o Governo, através do ministro da Presidência, Leitão Amaro, classificou a paralisação como "inexpressiva", especialmente no setor privado, sugerindo que se tratava mais de "uma greve da função pública". Esta divergência de perceções marcou o debate político, com o PS a acusar o ministro de estar desligado da realidade. O impacto político mais significativo da greve foi, contudo, a mudança de posição de André Ventura.
O líder do Chega, cujo apoio parlamentar é crucial para o Governo, afirmou que o partido não aprovará uma lei que seja um "bar aberto para despedimentos e a precariedade".
Esta declaração, vista como uma consequência direta da forte mobilização social, coloca a reforma laboral em risco e demonstra a dependência do Governo de Montenegro em relação ao Chega.
O comentador Miguel Santos Carrapatoso analisou que o primeiro-ministro "terá de chegar a um acordo com André Ventura se quiser fazer aprovar esta reforma". Após a greve, o Governo agendou uma reunião com a UGT, mas a CGTP ficou de fora, insistindo num encontro direto com o primeiro-ministro para exigir a retirada do pacote.
Em resumoA greve geral demonstrou uma forte oposição social à reforma laboral, forçando André Ventura a recuar no seu apoio e colocando o Governo minoritário numa posição negocial mais frágil, dependente de um acordo com o Chega para viabilizar a sua proposta.