Esta decisão transfere a responsabilidade para o vice-procurador-geral.

Amadeu Guerra justificou o seu pedido de afastamento com o “clima instalado em relação a si”, referindo-se diretamente à controvérsia gerada por declarações suas sobre uma “prenda de Natal”, que foram amplamente interpretadas como uma alusão ao desfecho do caso envolvendo o primeiro-ministro. O PGR frisou que a sua imparcialidade nunca esteve em causa, mas que a forma “desenquadrada” como as suas palavras foram recebidas por “muita gente” tornou a sua posição insustentável para apreciar a decisão de arquivamento.

Ao mesmo tempo que pedia escusa, Amadeu Guerra fez questão de defender a atuação do Ministério Público na averiguação a Luís Montenegro, rejeitando que tivessem sido “ultrapassados limites”. Esta tomada de posição do PGR ocorre num contexto de críticas crescentes à atuação do Ministério Público, nomeadamente na Operação Influencer. Noutra declaração, Amadeu Guerra salientou que o recurso a escutas telefónicas em investigações “não é o Ministério Público que, por sua livre vontade e iniciativa”, o faz, mas que depende sempre de autorização de um juiz de instrução criminal, numa referência indireta às críticas sobre os métodos de investigação.