Esta dinâmica alterou o equilíbrio de forças na negociação de uma das reformas mais importantes da legislatura. Convocada pela CGTP e pela UGT, a paralisação foi descrita pelos sindicatos como “histórica”, com uma adesão de três milhões de trabalhadores, enquanto o Governo, pela voz do ministro Leitão Amaro, a classificou como “inexpressiva”.
No entanto, a pressão política sentiu-se.
O momento de viragem ocorreu quando André Ventura, líder do Chega, cujo apoio parlamentar é crucial para o Governo, declarou que o seu partido “não está disponível para uma lei que seja um bar aberto de despedimentos”. Esta declaração foi vista como uma “cambalhota” e um ato de oportunismo por adversários como António Filipe e Jorge Pinto, mas na prática retira ao Governo a garantia de aprovação da sua proposta inicial. A mudança de Ventura reflete a sua tentativa de captar o descontentamento dos trabalhadores, competindo diretamente com a esquerda.
Em resposta à pressão, o Governo convocou a UGT para uma reunião na terça-feira, com a ministra do Trabalho, Rosário Palma Ramalho, a admitir que as soluções se encontram a “meio do caminho”, embora rejeitando começar as negociações da “estaca-zero”. A CGTP, por sua vez, solicitou uma reunião com o primeiro-ministro, agendada para 7 de janeiro, mantendo a exigência da retirada total do pacote laboral.













