A decisão encerrou um processo que marcou a agenda política e contribuiu para a queda do anterior governo, mas a reação de Luís Montenegro abriu um novo foco de tensão. Numa declaração ao país a partir de Bruxelas, Montenegro saudou o arquivamento mas criticou duramente o processo, descrevendo-o como "um autêntico inquérito criminal" que foi "mais longe do que o normalmente admissível".

O Primeiro-Ministro detalhou que a investigação abrangeu movimentos bancários seus, da sua mulher e dos filhos, lamentando que as denúncias se baseassem em "insinuações, suspeições e especulações".

Esta postura foi vista como um ataque à justiça e à comunicação social, gerando críticas da oposição e de analistas.

Pedro Nuno Santos considerou a reação uma "desfaçatez" e afirmou que Montenegro devia estar "agradecido".

O diretor do DCIAP, Rui Cardoso, respondeu diretamente ao PM, garantindo que "não houve inversão do ónus da prova" e que ninguém foi obrigado a entregar documentos.

A polémica adensou-se com a revelação de que o Procurador-Geral da República, Amadeu Guerra, invocou o "clima instalado" contra si para pedir escusa na decisão final sobre o caso.