Um relatório do Observatório Europeu dos Meios de Comunicação Digitais (EDMO) revelou que Portugal foi alvo de desinformação russa sobre os incêndios de agosto, enquanto na Moldávia, uma campanha orquestrada visa influenciar as próximas eleições. Estas ações demonstram a amplitude e a diversidade das táticas de guerra de informação do Kremlin. A estratégia de desinformação de Moscovo adapta-se aos contextos locais para maximizar o seu impacto. Em Portugal, a narrativa falsa, desmentida pela Lusa Verifica, sugeria que a Rússia se tinha oferecido para enviar aviões de combate a incêndios, retratando o país como uma "potência benevolente" e, implicitamente, criticando a resposta da UE. O objetivo era gerar uma perceção positiva da Rússia e minar a solidariedade europeia num momento de crise nacional.
Na Moldávia, a abordagem é mais direta e agressiva.
A rede "Matryoshka", coordenada pelo Kremlin, utiliza inteligência artificial para inundar o TikTok com vídeos que afirmam que a UE está a atacar a religião ortodoxa ou a "infetar a Moldávia com pessoas LGBT".
Esta campanha visa explorar divisões sociais e culturais para influenciar as eleições legislativas e afastar o país do seu percurso de integração europeia.
Estas duas campanhas, embora diferentes na sua abordagem, partilham o mesmo objetivo estratégico: desestabilizar as sociedades europeias, erodir a confiança nas instituições democráticas e promover os interesses geopolíticos da Rússia, demonstrando a natureza multifacetada da sua guerra híbrida.
Em resumoAs campanhas de desinformação da Rússia na Europa, como as detetadas em Portugal e na Moldávia, ilustram uma estratégia de guerra híbrida sofisticada e adaptável, que explora vulnerabilidades locais para minar a confiança nas instituições e promover os interesses do Kremlin.