Estes incidentes testam a coesão e a prontidão da Aliança Atlântica, aumentando o risco de um confronto direto. Na última semana, registou-se um padrão de incursões que os líderes europeus e da NATO descreveram como deliberado e provocatório.

Na Estónia, três caças russos MiG-31, com capacidade para transportar mísseis hipersónicos, permaneceram no espaço aéreo do país durante 12 minutos, um ato classificado como uma “provocação sem precedentes” e de “ousadia” pelas autoridades locais. Este incidente seguiu-se à entrada de cerca de 20 drones russos na Polónia, três dos quais foram abatidos, e a uma violação semelhante na Roménia. A chefe da diplomacia da UE, Kaja Kallas, qualificou a incursão na Estónia como “uma provocação extremamente perigosa”, enquanto a NATO a considerou parte de um “padrão de comportamento cada vez mais irresponsável” por parte de Moscovo.

A Rússia, por sua vez, negou veementemente todas as acusações.

O Ministério da Defesa russo afirmou que os voos sobre o Báltico decorreram “em estrita conformidade com as normas internacionais” e sobre “águas neutras”, enquanto o vice-embaixador russo na ONU, Dmitri Polyanskiy, atribuiu as denúncias a uma “histeria russofóbica” em Tallinn.

A recorrência destes atos é vista pelos analistas ocidentais não como meros acidentes, mas como uma estratégia calculada para testar os limites, as defesas e a unidade política da Aliança Atlântica, num momento de elevada tensão geopolítica devido à guerra na Ucrânia.