As conclusões baseiam-se em testemunhos detalhados de centenas de ex-prisioneiros, pintando um quadro sombrio de violações dos direitos humanos. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUR) divulgou um relatório onde documenta que 92% dos 216 civis libertados entrevistados desde junho de 2023 forneceram “relatos consistentes e detalhados de tortura ou maus-tratos durante o cativeiro”.

Os testemunhos descrevem métodos brutais, incluindo “espancamentos severos com vários instrumentos, como paus e bastões, choques elétricos em várias partes do corpo [e] simulações de execuções”. Além da violência física, muitos relataram ameaças de morte contra si e os seus familiares, bem como condições de detenção desumanas, com falta de alimentação e assistência médica. A tortura é descrita como “generalizada e sistemática”, com uma componente grave de violência sexual.

A ONU, que não tem acesso às áreas sob controlo russo, estima que o número real de civis detidos, oficialmente cerca de 1.800 em maio, seja “provavelmente muito mais elevado”. O alto-comissário Volker Türk destacou que as pessoas foram “arbitrariamente detidas nas ruas dos territórios ocupados” e mantidas em cativeiro por períodos que variam de dias a anos, muitas vezes sem que as suas famílias tivessem qualquer informação sobre o seu paradeiro.

O relatório também documentou casos de maus-tratos a civis detidos pelas autoridades ucranianas, na sua maioria cidadãos acusados de colaboração com a Rússia.