A medida reflete a necessidade contínua do Kremlin de reabastecer as suas forças armadas, à medida que a guerra na Ucrânia se prolonga e as baixas aumentam. O decreto presidencial, assinado a 29 de setembro, abrange o período de 1 de outubro a 31 de dezembro e visa cidadãos com idades entre os 18 e os 35 anos que não se encontrem na reserva. Oficialmente, o Kremlin garante que estes recrutas não serão enviados para as zonas de combate na Ucrânia e que servirão apenas dentro do território russo.

No entanto, a credibilidade desta garantia é questionada, especialmente porque o próprio Putin já admitiu que nem sempre é possível cumprir essa promessa.

A ordem de recrutamento surge num contexto de perdas militares recorde para a Rússia desde a Segunda Guerra Mundial, segundo estimativas da inteligência ocidental. A necessidade de mão de obra para sustentar a ofensiva é evidente. Paralelamente, foi noticiado que as autoridades de São Petersburgo planeiam uma modernização em larga escala do crematório da cidade para o tornar o maior da Europa, com capacidade para 240 cremações diárias. Embora não haja uma ligação oficial, a expansão das instalações funerárias é vista por analistas como um indicador sombrio do elevado número de baixas que a Rússia está a sofrer na guerra, reforçando a perceção de que o recrutamento em massa é essencial para compensar as perdas contínuas no campo de batalha.