Num gesto diplomático invulgar, um enviado especial do Kremlin sugeriu a construção de um túnel ferroviário sob o Estreito de Bering para ligar a Rússia e os Estados Unidos. O projeto, batizado de ‘Túnel Putin-Trump’, foi apresentado como um símbolo de uma nova era de cooperação entre Moscovo e Washington. A proposta foi tornada pública por Kirill Dmitriev, enviado de investimento do presidente russo e diretor do Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF), pouco depois de uma conversa telefónica entre Vladimir Putin e Donald Trump sobre a guerra na Ucrânia. Dmitriev afirmou que a ligação subterrânea, com um custo estimado de 8 mil milhões de dólares, “representaria um marco histórico e simbólico de unidade”.
A ideia não é nova, remontando a projetos do início do século XX, mas a sua reaparição neste contexto geopolítico é significativa.
Dmitriev sugeriu que a construção poderia ser executada pela The Boring Company, empresa de Elon Musk, cuja tecnologia poderia reduzir os custos de mais de 65 mil milhões para menos de 8 mil milhões de dólares.
“Vamos construir o futuro juntos”, escreveu Dmitriev numa mensagem dirigida a Musk.
A proposta faz parte de uma ofensiva diplomática e económica de Moscovo para se reaproximar de Washington, numa altura em que ambos os líderes procuram uma solução para o conflito na Ucrânia. O enviado do Kremlin recordou um projeto semelhante da Guerra Fria, a “Kennedy–Khrushchev World Peace Bridge”, como um precedente para a criação de uma ligação física de paz entre as duas superpotências. Apesar do entusiasmo de Moscovo, não há confirmação de que o projeto venha a ser discutido oficialmente.
Em resumoA proposta russa de construir um túnel ferroviário a ligar a Rússia aos EUA sob o Estreito de Bering é um gesto simbólico que visa sinalizar uma vontade de cooperação em plena tensão geopolítica. Embora a sua viabilidade seja incerta, a ideia do ‘Túnel Putin-Trump’ reflete a tentativa do Kremlin de se reposicionar como um parceiro estratégico, em vez de apenas um adversário, no palco mundial.