O presidente russo, Vladimir Putin, assinou a lei que formaliza a retirada da Rússia do acordo de reprocessamento de plutónio com os Estados Unidos, um pacto de 2000 destinado a limitar a produção de armas nucleares. A medida é vista como mais um golpe na já fragilizada arquitetura de controlo de armamento entre as duas maiores potências nucleares. O "Acordo de Gestão e Processamento de Plutónio", assinado em 2000 e revisto em 2010, comprometia tanto Moscovo como Washington a converter 34 toneladas de plutónio de qualidade militar, proveniente da era da Guerra Fria, em combustível para centrais nucleares. Esta quantidade era suficiente para eliminar material capaz de produzir aproximadamente 17.000 ogivas.
Embora o Kremlin já tivesse suspendido unilateralmente a aplicação do tratado em 2016, durante a administração Obama, citando o aumento das tensões, a nova lei formaliza a sua denúncia definitiva.
As autoridades norte-americanas consideravam o pacto um dos pilares da cooperação nuclear pós-Guerra Fria.
O seu fim oficial é agora percebido como "mais um sinal do colapso das estruturas de controlo de armamento entre as duas potências". Esta medida ocorre num contexto de retórica nuclear elevada por parte de Moscovo desde a invasão da Ucrânia em 2022. Líderes ocidentais têm acusado a Rússia de usar essa retórica para intimidação, uma acusação reforçada pela decisão de Putin de colocar as forças nucleares em alerta máximo pouco depois do início da invasão.
Em resumoA denúncia formal do acordo de plutónio por parte da Rússia desmantela mais um pilar da cooperação nuclear pós-Guerra Fria com os EUA. A decisão, que se segue à suspensão unilateral de 2016, aprofunda a desconfiança e o desmoronamento dos tratados de controlo de armamento, num período de crescente retórica nuclear por parte de Moscovo.