A Rússia tem sido acusada de conduzir uma sofisticada campanha de interferência na Europa, utilizando métodos de guerra híbrida que vão desde a exploração de protestos sociais à espionagem e ao recrutamento de agentes locais. Relatórios e acusações de altos funcionários europeus pintam um quadro de uma estratégia multifacetada para desestabilizar as democracias ocidentais e minar o apoio à Ucrânia. Um relatório do centro de estudos britânico Henry Jackson Society expôs como a propaganda do Kremlin se infiltrou nos protestos dos agricultores na Europa Central e de Leste, transformando-os em "canais para mensagens anti-ucranianas". A autora, Claire Pasquiou, afirmou que "a formulação utilizada era muito semelhante à propaganda do Kremlin", comparando a tática à interferência russa em movimentos como os Coletes Amarelos em França.
Em paralelo, os serviços secretos alemães alertaram que a Rússia está a recrutar "agentes descartáveis" através de redes sociais como o Telegram, aliciando cidadãos para realizar pequenos atos de sabotagem e espionagem. O ministro do Interior alemão acusou o partido de extrema-direita AfD de se comportar como um "partido alemão de Vladimir Putin", abusando do direito parlamentar para obter informações sobre infraestruturas estratégicas.
Em França, um julgamento inédito condenou quatro cidadãos búlgaros por "interferência estrangeira", após terem pintado mãos vermelhas no Memorial do Holocausto em Paris, uma ação descrita pela juíza como "uma operação coordenada do exterior com intenção hostil" para "fragmentar ainda mais a sociedade francesa".
Em resumoA Rússia está a intensificar as suas operações de interferência na Europa, utilizando propaganda para influenciar protestos, recrutando agentes através das redes sociais e explorando divisões políticas internas. Estas táticas de guerra híbrida, confirmadas por relatórios e processos judiciais, visam desestabilizar as sociedades europeias e enfraquecer o apoio ocidental à Ucrânia.