A Ucrânia acusou oficialmente a Rússia de utilizar o míssil de cruzeiro 9M729 em combate, uma arma cujo desenvolvimento secreto levou os Estados Unidos a abandonar o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio (INF) em 2019. O uso confirmado deste míssil representa uma escalada significativa, demonstrando o desrespeito de Moscovo pelos antigos pactos de controlo de armamento e aumentando a ameaça à segurança europeia. Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, o míssil foi disparado 23 vezes desde agosto, com um dos ataques a percorrer mais de 1.200 quilómetros antes de atingir território ucraniano. O tratado INF proibia mísseis lançados do solo com alcance entre 500 e 5.500 quilómetros, e o 9M729, com um alcance estimado de até 2.500 quilómetros, foi a principal justificação para a retirada dos EUA do acordo sob a administração Trump.
Analistas militares ocidentais consideram que o uso deste sistema em combate real serve para testar as suas capacidades e enviar um sinal de ameaça à Europa.
William Alberque, investigador do 'Pacific Forum', afirmou que "Putin está a aumentar a pressão como parte das negociações", lembrando que o míssil foi concebido para atingir alvos europeus.
O uso desta arma, que pode ser lançada a partir de plataformas terrestres móveis, oferece à Rússia "novas rotas de ataque e maior capacidade de ocultação", tornando as defesas aéreas mais vulneráveis. Kiev aproveitou a revelação para reiterar o seu pedido de mísseis Tomahawk aos EUA, argumentando que o aumento da sua capacidade de longo alcance é essencial para persuadir Moscovo a negociar.
Em resumoA confirmação do uso do míssil 9M729 pela Rússia na Ucrânia marca uma escalada militar e diplomática. Este míssil, que esteve na origem do fim do tratado INF, aumenta a capacidade de ataque russa e a ameaça direta à Europa, evidenciando o desmantelamento da arquitetura de controlo de armas da Guerra Fria.