O Kremlin está a avançar com uma nova legislação que permitirá ao Presidente Vladimir Putin mobilizar até dois milhões de reservistas para combate sem a necessidade de declarar uma mobilização geral, como a que ocorreu em 2022. Esta medida é vista como uma forma de sustentar o esforço de guerra na Ucrânia e preparar o país para futuros conflitos de forma mais flexível e discreta. O projeto de lei, já aprovado pelo governo russo, autoriza o envio de reservistas para "tarefas de defesa" durante conflitos armados, operações antiterroristas ou missões fora do território russo. As definições amplas da lei concedem ao presidente o poder de convocar estes homens para treinos especiais de até dois meses, por decisão direta e sem aprovação parlamentar. Segundo o deputado Aleksei Zhuravlyov, a medida poderá abranger "até dois milhões de pessoas".
Analistas e organizações da sociedade civil interpretam esta reforma como uma "mobilização silenciosa".
Grigory Sverdlin, da ONG Idite Lesom, que ajuda russos a evitar o recrutamento, afirmou que "Putin está a preparar-se para futuras guerras, dando a si próprio mais liberdade de ação".
A legislação visa o período "pós-mobilização", permitindo ao Kremlin substituir baixas e reforçar tropas de forma contínua.
Paralelamente, Putin promulgou outra lei que permite o envio de reservistas para proteger infraestruturas e instalações críticas.
Estas mudanças legislativas inserem-se numa reorientação mais vasta do Estado russo para um estado de guerra permanente, com a economia cada vez mais focada no setor da defesa, em detrimento do setor civil.
Em resumoA Rússia está a implementar um quadro legal para uma 'mobilização silenciosa', que permite a convocação de milhões de reservistas para a guerra sem uma declaração formal. Esta estratégia visa garantir a sustentabilidade do esforço militar a longo prazo, tanto na Ucrânia como em potenciais conflitos futuros, refletindo a crescente militarização da sociedade e da economia russas.