O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, estima que o número de alunos sem, pelo menos, um professor "poderão ser superiores a 100 mil", um valor que considera subestimado pelos sindicatos. O ministro da Educação, Fernando Alexandre, reconhece a existência de cerca de mil horários completos por preencher, mas contrapõe que existem "quase 20 mil professores profissionalizados que não estão colocados". O governante admite que o problema "resultou de uma falta de investimento de décadas" e, por isso, "não se vai resolver de um ano para o outro". A situação é particularmente grave nas regiões da Grande Lisboa, Península de Setúbal e Algarve, onde a substituição de cerca de 700 professores que se reformam no início do ano letivo será "muito mais difícil". Esta carência regional é corroborada por sindicatos como o Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA), que denuncia o "agravamento da falta de docentes em várias ilhas", e a FENPROF, que aponta para um "problema estrutural e de há muitos anos". A perceção pública reflete esta realidade: um estudo do Cetelem revela que apenas 47% dos encarregados de educação acreditam que o ano letivo será melhor que o anterior, sendo a falta de professores a segunda principal causa de pessimismo, mencionada por 42% dos inquiridos.