A carência de docentes no sistema de ensino público português continua a ser um problema estrutural no arranque do ano letivo, afetando milhares de alunos e gerando um clima de instabilidade e preocupação entre pais, sindicatos e forças políticas. A dimensão do problema é alvo de visões díspares. A Federação Nacional dos Professores (FENPROF) alertou que cerca de 6.000 alunos do 1.º Ciclo iniciaram as aulas sem professor, enquanto o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, estima que o número total de alunos afetados por falta de docentes a pelo menos uma disciplina possa ultrapassar os 100 mil, sublinhando que o problema se agravará com os pedidos de aposentação ao longo do ano. Em contraste, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, procurou desvalorizar a situação, garantindo que em “pelo menos 98% das escolas os alunos terão aulas a todas as disciplinas” e que as necessidades são “muito inferiores” ao número de professores profissionalizados ainda por colocar.
Esta crise de pessoal docente é uma das principais preocupações das famílias, como revela um estudo do Cetelem, onde 42% dos encarregados de educação apontam a falta de professores como um dos maiores receios para o novo ano letivo. O problema é particularmente agudo nas regiões de Lisboa, Península de Setúbal e Algarve, onde os elevados custos de habitação dificultam a colocação de docentes.
O candidato presidencial António Filipe, apoiado pelo PCP, criticou o Governo por não encontrar soluções, alertando para as consequências da “degradação da escola pública”.
Em resumoA falta de professores no início do ano letivo é um problema crónico que continua a gerar incerteza, com números e perspetivas divergentes entre o Governo, que tenta minimizar a questão, e a oposição e os sindicatos, que alertam para um cenário grave que compromete a qualidade do ensino público.