Este dado expõe uma crise de retenção de talento que ameaça o futuro da escola pública. O estudo “A Voz dos Professores: Motivações, Desafios e Barreiras ao Desenvolvimento da Carreira”, desenvolvido por investigadores da Nova SBE e da Universidade do Minho, aponta que 54% dos professores com menos de 30 anos consideram deixar a profissão nos próximos cinco anos.
Este número contrasta fortemente com o facto de 81% dos inquiridos terem optado pela docência como primeira escolha profissional e de 70% afirmarem que o voltariam a fazer.
As principais razões para permanecer na profissão são o “gosto pelo ensino, a relação com os alunos e o sentimento de missão”.
O estudo também revela que, entre os docentes com 60 ou mais anos, sete em cada dez planeiam reformar-se assim que possível, embora 30% admitam continuar a lecionar motivados pelo “prazer de ensinar”. Os investigadores notam que a vontade de mudar de carreira entre os mais jovens pode não ser apenas fruto de descontentamento, mas também de uma maior abertura a “explorar outras oportunidades profissionais”. No entanto, o contexto geral, marcado pela falta crónica de professores e pelas queixas sobre as condições de trabalho — como a excessiva carga administrativa e a falta de infraestruturas e de pessoal de apoio —, sugere uma profunda desmotivação.
Margarida Rebocho, da Fundação Semapa, promotora do estudo, sublinha a urgência da situação: “Os professores são o principal motor do desenvolvimento dos alunos e do país.
Os resultados deste estudo reforçam a importância de os escutarmos e de criarmos condições para que possam exercer a sua missão com motivação, reconhecimento e esperança no futuro”.