O estudo “A Voz dos Professores: Motivações, Desafios e Barreiras ao Desenvolvimento da Carreira”, desenvolvido por investigadores da Nova SBE e da Universidade do Minho, mostra que, embora 81% dos inquiridos tenha escolhido o ensino como primeira opção e 70% o voltaria a fazer, um em cada cinco docentes considera deixar a profissão nos próximos cinco anos, uma percentagem que sobe para 54% entre os mais jovens.

Luís Catela Nunes, da Nova SBE, ressalva que esta vontade de mudança “não significa que estejam descontentes”, podendo estar relacionada com a procura de melhores salários ou a exploração de outras oportunidades no início de carreira. No entanto, os professores inquiridos apontam para a necessidade de melhores condições laborais, menos carga administrativa, modernização das infraestruturas e mais apoio técnico para lidar com a crescente diversidade de alunos, incluindo estrangeiros e com necessidades educativas especiais. A saúde mental e o bem-estar são também preocupações centrais, bem como a necessidade de estratégias para lidar com a indisciplina.

O estudo evidencia ainda que sete em cada dez docentes com 60 ou mais anos planeiam reformar-se assim que possível, o que, somado à potencial saída dos mais novos, agrava a crise de falta de professores, especialmente em regiões como Lisboa, Alentejo e Algarve. A investigação sublinha a urgência de criar condições para reter e valorizar os docentes, que são considerados o “principal motor do desenvolvimento dos alunos e do país”.