A desmotivação, a excessiva carga administrativa e as más condições de trabalho são apontados como os principais fatores que ameaçam a renovação geracional na carreira.
O estudo “A Voz dos Professores: Motivações, Desafios e Barreiras ao Desenvolvimento da Carreira”, desenvolvido por investigadores da Nova SBE e da Universidade do Minho, mostra um paradoxo: embora 81% dos inquiridos tenham escolhido a docência como primeira opção profissional e 70% afirmem que o voltariam a fazer, a realidade da profissão está a afastar os mais jovens.
As principais razões para permanecer na carreira são o gosto pelo ensino, a relação com os alunos e o sentimento de missão. No entanto, as queixas sobre as condições de trabalho, a burocracia, a falta de modernização das infraestruturas e a carência de apoio técnico são transversais. Os docentes defendem ainda a urgência de apostar na saúde mental e no bem-estar, bem como no desenvolvimento de estratégias para lidar com a indisciplina na sala de aula. O investigador Luís Catela Nunes, da Nova SBE, sugere que a vontade de sair entre os mais novos pode estar ligada não apenas ao descontentamento, mas também ao facto de estarem "em início de carreira e quererem explorar outras oportunidades profissionais".
A situação agrava-se com a perspetiva da reforma dos mais velhos, já que sete em cada dez docentes com 60 anos ou mais planeiam aposentar-se assim que possível, embora 30% admitam continuar por prazer em ensinar.