Portugal figura entre os países da OCDE com os níveis mais baixos de proficiência em literacia entre a população adulta, enquanto os resultados dos estudantes mais jovens a matemática têm vindo a decrescer desde 2019. De acordo com o relatório “Education at a Glance 2025” da OCDE, 46% dos portugueses entre os 25 e os 64 anos possuem um nível de literacia que apenas lhes permite compreender textos curtos e simples, uma percentagem muito superior à média de 27% da organização.
Paralelamente, o professor Filipe Oliveira, do ISEG, aponta para os resultados decrescentes de Portugal nos testes internacionais TIMSS (Trends in International Mathematics and Science Study) desde 2019.
O especialista atribui esta quebra a uma “cartilha do facilitismo e o fim da exigência”, criticando medidas como o fim dos exames nacionais no 4.º e 6.º anos em 2016 e a substituição das metas curriculares por “aprendizagens essenciais”, que considera “documentos muito fraquinhos, que só exigem o mínimo dos mínimos”.
Mónica Conde, professora de Matemática há 25 anos, corrobora esta perceção, afirmando que os estudantes atuais apresentam mais dificuldades do que há uma década, obrigando os docentes a começar com atividades mais simples para atingir os mesmos objetivos. Esta situação reflete-se na necessidade de um maior esforço por parte dos professores para adaptar os métodos de ensino a uma realidade de maiores dificuldades de aprendizagem.