A falta de professores em Portugal atingiu um nível crítico no arranque do ano letivo, afetando mais de cem mil alunos e gerando um aumento na procura por explicações privadas. Esta carência estrutural, que se agravou em relação ao ano anterior, evidencia os profundos desafios que o sistema de ensino enfrenta para garantir a cobertura de horários em todo o país. A situação reflete-se em casos extremos, como o de uma turma do 5.º ano que, na primeira semana, teve apenas aulas de Educação Física, ilustrando o impacto direto da escassez de docentes na vida escolar dos estudantes. Segundo a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), estão por preencher 1.397 horários, o que corresponde a cerca de 109 mil alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina.
Este número representa um agravamento face ao ano anterior, quando a estimativa apontava para 92 a 93 mil alunos afetados.
A falta de professores é particularmente sentida em disciplinas como Matemática, Português e Biologia/Geologia, especialmente a sul do Tejo.
Como consequência direta desta carência no setor público, registou-se um aumento significativo na procura por explicações particulares, evidenciando a crescente necessidade das famílias de recorrerem a soluções privadas para compensar as falhas do sistema. O Ministério da Educação implementou medidas para acelerar a colocação de docentes, como a redução do intervalo das reservas de recrutamento de uma semana para três dias, mas os sindicatos consideram-nas insuficientes. A Fenprof argumenta que o problema não reside na rapidez das colocações, mas na inexistência de professores disponíveis nas bolsas de recrutamento para preencher as vagas, um problema estrutural que exige soluções mais profundas para valorizar a carreira e atrair novos profissionais.
Em resumoA escassez de docentes no início do ano letivo agravou-se, afetando mais de 100 mil alunos e impulsionando o mercado de explicações privadas. Sindicatos e diretores escolares consideram as medidas governamentais insuficientes para resolver um problema que é estrutural e não apenas administrativo.