Esta situação gerou um intenso debate público entre o Ministério da Educação e os sindicatos sobre a real dimensão do problema e a eficácia das soluções propostas.

Segundo dados do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), à data de 17 de setembro, 78% dos agrupamentos de escolas (635 de um total de 810) tinham pelo menos um horário por preencher, totalizando 2.410 pedidos por satisfazer. A situação revelou-se mais grave em 38 estabelecimentos, que acumulavam mais de dez horários em falta, com uma concentração preocupante nas zonas de Lisboa e Península de Setúbal.

Estes números contrastaram com as declarações iniciais do ministro Fernando Alexandre, que assegurara que 98% a 99% das escolas teriam todos os professores colocados. Posteriormente, o governante esclareceu que, apesar das vagas, "na maior parte das escolas, mesmo muitas vezes aquelas que têm 10 horários em falta, todos os alunos têm aulas", recorrendo-se a instrumentos como as horas extraordinárias.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) contestou esta visão, descrevendo um "problema que se verifica de norte a sul" e estimando que mais de 100 mil alunos estariam a ser afetados.

A Missão Escola Pública alertou para uma crescente desigualdade, notando que as vagas a norte são preenchidas por docentes profissionalizados, enquanto a sul se recorre a recursos humanos "sem formação em ensino", criando uma "escola pública a duas realidades".

Para mitigar a crise, o Governo implementou um processo de colocação mais célere, com reservas de recrutamento a cada três dias, e anunciou um concurso extraordinário para vincular 1.800 professores nas regiões mais carenciadas.