Esta realidade estrutural é a principal causa da dificuldade em atrair e reter talento nas escolas portuguesas.
Um estudo da Nova SBE e da Universidade do Minho, intitulado "A Voz dos Professores", trouxe dados alarmantes: mais de metade (54%) dos professores com menos de 30 anos admite abandonar a profissão nos próximos anos.
Este número contrasta com o facto de a grande maioria (81%) ter escolhido a docência como primeira opção de carreira, o que sugere que a desilusão surge após a entrada no sistema. A principal motivação para permanecer na profissão é o "gosto pelo ensino, a relação com os alunos e o sentimento de missão", indicando que a vocação se sobrepõe às condições adversas. O mesmo estudo revela que os docentes exigem melhores condições laborais, menos burocracia e mais apoio para lidar com turmas cada vez mais heterogéneas, com alunos estrangeiros e com necessidades educativas especiais.
A questão do envelhecimento da classe é outro fator crítico.
Sete em cada dez professores com 60 ou mais anos planeiam reformar-se assim que legalmente possível.
Este êxodo iminente, combinado com a falta de atratividade da carreira para os jovens, cria um cenário de escassez que tenderá a agravar-se. O estudo aponta ainda para um fosso geracional, com 60% dos professores mais velhos a considerarem que os colegas mais novos chegam às escolas com pior formação pedagógica e científica, o que pode dificultar a integração e a mentoria.














