O arranque do ano letivo 2025/2026 ficou marcado por uma crise sem precedentes na colocação de docentes, com 78% das escolas públicas a reportarem a falta de, pelo menos, um professor. A situação, particularmente grave nas regiões de Lisboa e Península de Setúbal, evidencia as fragilidades estruturais da carreira e compromete o direito à educação de milhares de alunos. De acordo com um balanço do Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), no arranque do ano letivo existiam mais de mil horários por preencher em todo o país, afetando 635 dos 810 agrupamentos escolares. A carência é especialmente crítica em 38 estabelecimentos, que necessitam de mais de dez professores, e a esmagadora maioria destes localiza-se na Grande Lisboa e na Península de Setúbal, zonas onde o elevado custo de vida agrava as dificuldades de recrutamento.
As disciplinas mais afetadas são o pré-escolar, a educação especial, Português do terceiro ciclo e Informática.
Em resposta, o ministro Fernando Alexandre garantiu que, apesar dos horários por preencher, "na grande maioria dos casos, os alunos têm aulas", uma vez que os diretores dispõem de mecanismos como a atribuição de horas extraordinárias para assegurar a resposta letiva. No entanto, esta visão contrasta com a da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), que insiste que o problema se agravou em relação ao ano anterior e que as necessidades identificadas correspondem a mais de 100 mil alunos afetados. O MECI reconhece que a situação resulta do envelhecimento do corpo docente, com cerca de 130 mil professores, dos quais quatro mil se reformam anualmente, o que exige uma média de 400 substituições mensais.
Em resumoA falta generalizada de professores no início do ano letivo constitui um problema estrutural, com maior incidência em Lisboa e Setúbal. Enquanto o Governo procura minimizar o impacto através de medidas paliativas, os sindicatos alertam para um agravamento da crise que afeta diretamente a qualidade do ensino e a igualdade de oportunidades para os alunos.