Esta falha compromete todo o percurso académico futuro e levanta questões sobre a eficácia dos métodos pedagógicos e a adequação do currículo nacional.

Domingos Fernandes, presidente do Conselho Nacional de Educação, expressou publicamente a sua preocupação, afirmando que "muitas crianças chegam ao terceiro, quarto e quinto anos de escolaridade sem saber ler nem escrever".

Segundo o especialista, a língua portuguesa é "absolutamente estruturante" para todas as outras aprendizagens, incluindo a matemática, e a incapacidade de dominar estas competências basilares nos primeiros anos representa um "problema muito sério".

Esta análise é corroborada por artigos de opinião que criticam o modelo educativo atual, descrevendo-o como um sistema obsoleto, herdado da revolução industrial, que prioriza o cumprimento de metas curriculares em detrimento do desenvolvimento integral da criança. Um artigo de opinião no Pombal Jornal defende que o "stress da avaliação" e a obrigação de "cumprir o currículo até ao fim" prejudicam a aprendizagem, contrastando com modelos como o do Japão e da Finlândia. Nestes países, os primeiros anos de escolaridade focam-se no desenvolvimento de competências sociais e inteligência emocional, com a introdução de testes formais apenas em idades mais avançadas. A crítica aponta para a necessidade de uma reforma que valorize a curiosidade inata das crianças e lhes permita aprender através da exploração e do brincar livre, em vez de as submeter a um sistema rígido que pode condicionar o seu desenvolvimento.