Esta diminuição, que representa menos cinco mil caloiros face ao ano anterior, levanta questões sobre a sustentabilidade de cursos e instituições, especialmente no interior do país.

A análise dos resultados do Concurso Nacional de Acesso ao Ensino Superior (CNAES) de 2025 revela uma realidade preocupante para o sistema educativo português. Com um total de 45.290 novos estudantes colocados, o decréscimo de 10% face a 2024 acentua as disparidades entre o ensino universitário e o politécnico, e entre o litoral e o interior. Os institutos politécnicos foram os mais afetados, com uma taxa de ocupação de apenas 67,7%, deixando um terço das vagas por preencher. Instituições como as de Tomar, Bragança, Guarda e Beja apresentaram as taxas de ocupação mais baixas, inferiores a 40%. Em contraste, as universidades de Coimbra, Lisboa, Porto e o ISCTE mantiveram taxas de ocupação superiores a 95%. Reitores, presidentes de politécnicos e associações estudantis apontam múltiplas causas para esta quebra, incluindo o elevado custo do alojamento, as dificuldades económicas das famílias e, crucialmente, as alterações nas regras de acesso. O reitor da Universidade de Coimbra, Amílcar Falcão, defendeu a reintrodução da exigência de um mínimo de duas provas de ingresso, afirmando que “a via do facilitismo e da falta de qualidade não costumam acabar bem”. Falcão criticou ainda o que considera um “excesso” de vagas e cursos, muitos dos quais com viabilidade “obviamente nula”, e questionou a estratégia de usar o ensino superior para combater a desertificação do interior, comparando-a a “começar uma casa pelo telhado”. A quebra no número de candidatos e a consequente baixa ocupação de vagas ameaçam a sustentabilidade de vários cursos e instituições, impactando diretamente o corpo docente e a coesão territorial.