A falta de profissionais qualificados no setor público, nomeadamente professores e enfermeiros, atinge níveis críticos, com milhares de alunos a iniciar o ano letivo sem docentes e unidades de saúde a suspenderem contratações por ordens da tutela. A situação na Unidade Local de Saúde (ULS) de Braga exemplifica a crise, com o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) a denunciar o despedimento de cerca de 40 enfermeiros por “imposição da Ministra da Saúde”. A ULS de Braga suspendeu a renovação de contratos de uma centena de profissionais destinados ao plano de inverno para “reavaliar custos”, uma decisão que o SEP acusa de ser um passo para “cumprir o seu plano de privatizar a ULS”.
O sindicato afirma que a administração tinha garantido a continuidade destes profissionais, considerados “essenciais para manter a capacidade assistencial”.
A situação não é exclusiva da saúde.
No setor da educação, o ano letivo arrancou com 78% dos agrupamentos a registarem falta de professores, deixando milhares de alunos sem aulas a pelo menos uma disciplina. Filinto Lima, presidente da Associação Nacional de Diretores de Escolas Públicas, classifica o problema como “estrutural” e de difícil resolução a curto prazo. Para mitigar os efeitos da colocação de docentes em zonas carenciadas, o governo prometeu a disponibilização de uma plataforma de apoio a professores deslocados, com retroativos a 1 de setembro. Em simultâneo, o encerramento de oito escolas do primeiro ciclo nos distritos de Castelo Branco, Portalegre e Guarda agrava os desafios logísticos e os custos para os municípios, que têm de assegurar o transporte escolar para um número crescente de crianças, algumas passando “mais de duas horas por dia em trânsito”.
Em resumoA falta de professores e a suspensão de contratações de enfermeiros, como o caso da ULS de Braga, revelam uma crise estrutural nos serviços públicos em Portugal. Milhares de alunos continuam sem aulas e os sindicatos acusam o Governo de minar o SNS para favorecer a privatização, enquanto o encerramento de escolas no interior agrava as desigualdades territoriais.