A utilização de telemóveis em ambiente escolar tornou-se um tema central no início do ano letivo, com agrupamentos a implementarem proibições e estudos a reforçarem as preocupações sobre o seu impacto no bem-estar dos jovens. Em Vale de Cambra, a proibição para alunos até ao 9.º ano foi bem acolhida, enquanto uma investigação da Universidade de Genebra conclui que o controlo parental sobre o uso noturno de telemóveis melhora significativamente o sono e o desempenho académico. No Agrupamento de Escolas de Búzio, em Vale de Cambra, a decisão de proibir o uso de smartphones até ao 3.º ciclo foi tomada em consonância com os encarregados de educação, após um inquérito revelar que mais de 60% apoiavam a medida. O diretor, Pedro Martins, afirmou que, apesar de não ser totalmente a favor da proibição, o objetivo é “promover a socialização”.
A medida surge na sequência de orientações do Governo, que tornou a proibição obrigatória para o 1.º e 2.º ciclos e a recomendou para o 3.º. Reforçando estas preocupações, um estudo da Universidade de Genebra, publicado na ‘Discover Public Health’, concluiu que os adolescentes cujos pais proíbem o uso de telemóvel no quarto ou à noite dormem, em média, mais 40 minutos por dia, o que equivale a mais de quatro horas e meia por semana.
Este sono adicional resulta numa “melhor memória, atenção e estabilidade emocional, reduzindo também o risco de ansiedade e depressão”.
Kevin Mammeri, autor principal do estudo, sublinhou que “os pais devem envolver-se porque isso influencia a saúde e o sucesso dos filhos”.
A neurocientista Virginie Sterpenich acrescentou que as escolas também devem desempenhar um papel ativo na sensibilização para a importância do sono.
Em resumoA proibição do uso de telemóveis em escolas como as de Vale de Cambra e os resultados de um estudo suíço que ligam o controlo parental a um melhor sono dos adolescentes intensificam o debate sobre o impacto dos ecrãs. As medidas refletem uma preocupação crescente com a socialização, a saúde mental e o desempenho académico dos jovens, colocando pais e escolas no centro da solução.