A situação reflete uma crise estrutural que afeta a qualidade da educação e gera preocupação entre pais, diretores e sindicatos. O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, alertou que 78% dos agrupamentos escolares iniciaram o ano com horários por preencher, uma realidade que afeta diretamente o percurso académico de inúmeros estudantes.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) e a Federação Nacional da Educação (FNE) têm denunciado repetidamente as dificuldades sentidas no terreno, aproveitando datas como o Dia Mundial do Professor para sublinhar a gravidade do problema. A crise é também reconhecida por figuras externas ao setor, como D. António Augusto Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé, que, em entrevista, assumiu a sua preocupação com a “crise de professores” e apelou à revalorização do papel e da missão docente na sociedade.

Esta escassez de profissionais não é um fenómeno novo, mas a sua persistência e agravamento colocam em causa a capacidade do Serviço Nacional de Educação de garantir uma resposta equitativa a todos os alunos, especialmente em regiões mais carenciadas. A falta de atratividade da carreira, os salários considerados pouco competitivos e as condições de trabalho são apontados como as principais causas para a dificuldade em recrutar e reter docentes, um desafio que os sucessivos governos não têm conseguido solucionar de forma eficaz.