Na véspera do Dia Mundial do Professor, milhares de docentes manifestaram-se em Lisboa, numa ação convocada pela Fenprof, para exigir a valorização urgente da carreira e acusar o Governo de protelar a revisão do Estatuto da Carreira Docente. A manifestação reflete o profundo descontentamento da classe, que se queixa de desvalorização, sobrecarga de trabalho e falta de atratividade da profissão. A mobilização, que percorreu a ligação entre o Jardim do Arco do Cego e a Presidência do Conselho de Ministros, serviu de palco para as principais reivindicações dos professores, que incluem uma carreira mais curta com 26 anos para chegar ao topo, a recuperação integral do tempo de serviço, a eliminação das vagas de acesso ao 5.º e 7.º escalões e o fim das quotas na avaliação de desempenho. O secretário-geral da Fenprof, Francisco Gonçalves, criticou duramente a postura do Governo, acusando-o de táticas dilatórias. "Para este governo, a alteração da legislação laboral – mais de 100 artigos – pode ser feita em dois meses. O ECD nunca em menos de dois anos. Nós percebemos: até 2027, é para adormecer o professorado", afirmou, garantindo que "a Fenprof não assinará nenhum acordo que empurre a conclusão deste processo de revisão do ECD para lá de 2027".
Entre os manifestantes, o sentimento era de exaustão.
Docentes como Isabel Braga, professora no Cercal do Alentejo, relataram estar "completamente sobrecarregados com tarefas" administrativas, o que resulta em "imensa gente com burnout" ou de "baixa psiquiátrica". Outros, como André Crespo, com 20 anos de serviço como contratado, recordaram a precariedade e os horários incompletos que marcaram as suas carreiras, sublinhando que a desvalorização da profissão "vem a acontecer há muitos anos".
Em resumoA manifestação da Fenprof evidenciou a insatisfação dos professores com as condições da carreira, exigindo medidas concretas e imediatas do Governo. As principais reivindicações incluem uma carreira mais curta, a recuperação do tempo de serviço e o fim das quotas, com o sindicato a rejeitar adiamentos da revisão do estatuto para depois de 2027.