Esta carência estrutural, que deixa milhares de alunos sem aulas, alimenta o debate sobre a desvalorização da carreira e a controversa solução de recorrer a profissionais sem habilitação pedagógica.
Os dados, divulgados pelo Ministério da Educação a 22 de setembro, confirmam uma realidade que tem sido denunciada consistentemente pelos sindicatos.
Durante a manifestação de professores em Lisboa, o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, reforçou a gravidade da situação, afirmando que há "milhares de crianças ainda sem professor nas escolas". Esta crise de recrutamento é um dos principais motores do descontentamento que levou milhares de docentes às ruas e está intrinsecamente ligada à perda de atratividade da carreira, marcada por salários baixos, precariedade e condições de trabalho difíceis. A falta de docentes qualificados levou o sistema a uma encruzilhada, abrindo a porta à contratação de indivíduos sem formação específica para o ensino. Esta solução de recurso é fortemente criticada por especialistas como José Paulo Santos, que, num artigo de opinião, a classifica como perigosa e uma "traição ao futuro dos nossos alunos". O autor argumenta que a docência exige competências complexas de gestão emocional, mediação de conflitos e pedagogia, que não se improvisam. A situação evidencia um duplo problema: uma crise quantitativa na capacidade de preencher vagas e um risco qualitativo decorrente das soluções de emergência adotadas, que podem comprometer a qualidade do ensino consagrado na lei.













