Apesar de um cenário marcado por salários baixos, excesso de burocracia e falta de reconhecimento social, 94% dos professores portugueses afirmam estar satisfeitos com a sua profissão, um valor superior à média da OCDE. Este paradoxo, revelado pelo estudo TALIS 2024, coexiste com uma elevada taxa de stress e a intenção de abandono entre os docentes mais jovens. O inquérito internacional mostra que, embora a maioria dos professores goste de ensinar na sua escola e mantenha boas relações com colegas e alunos, as condições de trabalho são uma fonte constante de desgaste. Os docentes portugueses estão entre os que mais se queixam de stress (26% afirmam sofrer muito de stress, contra 19% na média da OCDE) e de excesso de trabalho administrativo (79%).
Apenas 13% estão satisfeitos com o seu salário, um valor três vezes inferior à média da OCDE (39%), e somente 9% sentem que a sua profissão é valorizada pela sociedade.
Esta dualidade é particularmente visível entre os professores mais jovens: embora 66% tenham escolhido a docência como primeira opção de carreira, 27% admitem ponderar abandonar o ensino nos próximos cinco anos, um número acima da média internacional.
Sindicatos como a Fenprof e a FNE alertam que estes dados refletem o “cansaço” e o “desencanto” de uma classe envelhecida, sublinhando que a aparente satisfação com o ato de ensinar não pode mascarar a urgência de melhorar as condições materiais e o reconhecimento da carreira para reter talento.
Em resumoO relatório TALIS 2024 revela um paradoxo: embora 94% dos professores portugueses se declarem satisfeitos com o trabalho, também reportam elevados níveis de stress, insatisfação salarial e falta de reconhecimento social. Esta insatisfação é especialmente acentuada entre os docentes mais jovens, com 27% a considerar abandonar a profissão.