Diversos artigos, baseados em dados do relatório internacional TALIS 2024 da OCDE, pintam um retrato preocupante da demografia docente em Portugal. A idade média dos professores do 3.º ciclo e do ensino secundário situa-se nos 51 anos, seis anos acima da média da OCDE, colocando Portugal como o segundo país com o corpo docente mais envelhecido. As projeções são alarmantes: estima-se que 60% dos professores atualmente em funções se reformem nos próximos 15 a 20 anos.
Esta realidade agrava-se com a contínua saída de profissionais, como os mais de 400 docentes que deverão abandonar o ensino já em novembro, o número mensal mais elevado do ano. Para colmatar as saídas e garantir a sustentabilidade do sistema, seria necessário recrutar, em média, 3.450 novos professores por ano até 2030/31, totalizando uma necessidade acumulada de quase 35 mil docentes. O secretário-geral da FNE, Pedro Barreiros, alertou para as consequências, afirmando que a elevada taxa de aposentações poderá provocar uma “descontinuidade grave no sistema educativo”.
Por sua vez, Francisco Gonçalves, da Fenprof, atribui o envelhecimento da classe a políticas iniciadas durante a crise da troika, período em que “27 mil professores foram forçados a deixar a profissão e muitos não foram substituídos”. A falta de atratividade da carreira, aliada à elevada percentagem de jovens professores (27%) que ponderam abandonar a profissão nos próximos cinco anos, intensifica a crise, ameaçando deixar milhares de alunos sem aulas.














