A iminente vaga de aposentações nos próximos anos ameaça agravar a já severa escassez de professores, colocando em risco o funcionamento das escolas. O relatório internacional TALIS 2024 revela que a idade média dos professores do 3.º ciclo e do ensino secundário em Portugal é de 51 anos, seis anos acima da média da OCDE, que se situa nos 45 anos. Este envelhecimento acelerado significa que cerca de 60% dos docentes atualmente em funções deverão aposentar-se nos próximos 15 a 20 anos, uma transição geracional que o sistema não está preparado para absorver.
A situação é agravada por um número recorde de saídas previstas, com mais de 400 professores a abandonarem a carreira só em novembro de 2025, o valor mensal mais elevado do ano.
Segundo o secretário-geral da Fenprof, Francisco Gonçalves, a origem desta crise remonta às políticas de austeridade durante o período da troika, quando “27 mil professores foram forçados a deixar a profissão e muitos não foram substituídos”.
Esta ausência de renovação de quadros durante anos criou um défice estrutural que agora se manifesta de forma aguda. A combinação do envelhecimento, do elevado número de aposentações e da dificuldade em atrair novos profissionais para a carreira cria um cenário de rutura iminente, com consequências diretas para a qualidade do ensino e a estabilidade do sistema educativo nacional.














