O stress, a indisciplina e o excesso de trabalho administrativo estão a levar os professores portugueses à exaustão, com mais de metade a queixar-se de stress e um em cada três a lidar com desordem nas aulas. O relatório internacional TALIS 2024 pinta um quadro negro das condições de trabalho nas escolas portuguesas, contribuindo para a desmotivação e o risco de abandono da profissão. De acordo com os dados, a indisciplina é um problema significativo, com 33% dos professores a queixarem-se de ruído e desordem, um valor consideravelmente acima da média da OCDE. A sobrecarga de trabalho é outra fonte de grande pressão: 79% dos docentes apontam o excesso de trabalho administrativo como uma fonte de stress, e uma percentagem igual sente pressão pelo desempenho dos alunos. Consequentemente, 26% afirmam sofrer de stress elevado e 16% admitem que o trabalho prejudica gravemente a sua saúde mental.
O estudo revela ainda que os professores mais jovens e menos experientes são frequentemente colocados nas turmas mais difíceis, o que agrava a sua vulnerabilidade.
Esta realidade reflete-se na intenção de abandonar a carreira: 27% dos professores com menos de 30 anos admitem ponderar deixar a profissão nos próximos cinco anos. A agravar este cenário, o sentimento de desvalorização é profundo, com apenas 9% dos professores a considerarem que a sociedade valoriza a sua profissão, um valor muito inferior à média de 22% da OCDE.
Em resumoO relatório TALIS 2024 revela condições de trabalho adversas para os professores em Portugal, marcadas por elevada indisciplina (33%), stress (26%) e excesso de trabalho administrativo (79%). Estes fatores, aliados à baixa valorização social, contribuem para o burnout e levam uma parte significativa dos jovens docentes a ponderar o abandono da carreira.