Num artigo de opinião, a professora Clara Boavista ilustra o problema com um episódio real: numa turma do 5.º ano, quase nenhum aluno soube responder à pergunta “Se numa capoeira há vinte patos, quantos patos há em cinco capoeiras?”.

O problema, argumenta, não está na conta, mas na incapacidade de pensar.

“Criámos uma cultura escolar onde o erro é punido, em vez de ser explorado como parte natural da aprendizagem”, escreve.

Esta visão é corroborada noutro artigo que descreve a escola portuguesa como um “cemitério de perguntas”, onde os professores se tornaram “sacerdotes do conformismo”. O texto critica um sistema que forma “cidadãos incapazes de distinguir Mário Zambujal de um detergente ecológico” e que produz “analfabetos funcionais”. Ambos os artigos concordam que o sistema educativo se foca excessivamente no “resultado em detrimento do pensamento”, produzindo jovens que são “bons executores, mas maus pensadores”.

Esta é, talvez, “a maior derrota da escola contemporânea: produzir competência técnica sem compreensão conceptual”.