Especialistas alertam para o impacto da pressão escolar e do isolamento pós-pandemia, o que coloca um fardo adicional sobre os professores e toda a comunidade educativa.

A pedopsiquiatra Neide Urbano relata que são os adolescentes, com uma média de 15 anos, quem mais procura os serviços de urgência, sendo os comportamentos autolesivos e as intoxicações medicamentosas voluntárias os casos mais frequentes. A especialista defende a criação de "consultas regulares de pedopsiquiatria de rotina" para uma deteção precoce nas escolas.

O psicólogo Eduardo Sá corrobora esta preocupação, afirmando que se estão a criar "miúdos que têm um potencial incrível mas que se arriscam a ser um bocadinho doentes".

A Linha SOS Estudante, criada para apoiar universitários, regista agora mais chamadas de adultos, mas a sua existência sublinha a necessidade de apoio emocional.

A psicóloga Teresa Mansilha, num artigo sobre o projeto "Escuta-te", reflete sobre as necessidades emocionais dos jovens, que trazem para as atividades "vidas difíceis" e "traumas", e critica uma sociedade que "não ensina resiliência".

O burnout académico é outro problema identificado, podendo atingir "até crianças do primeiro ciclo".

Este cenário de sofrimento psicológico generalizado entre os alunos transforma a sala de aula num espaço de grande exigência emocional para os professores, que muitas vezes não dispõem das ferramentas ou do apoio necessários para lidar com estas situações complexas.