Apesar de o Ministro da Educação, Fernando Alexandre, ter procurado relativizar o problema, afirmando que dos “cerca de mil horários por preencher”, nem todos são completos e que as horas extraordinárias podem resolver a questão, a realidade no terreno revela consequências drásticas. A “Missão: Escola Pública”, um movimento cívico, denuncia que “o ensino noturno está a ser abolido em muitas escolas devido à falta de professores”, uma medida que afeta diretamente adultos e jovens trabalhadores que procuram completar a sua formação. Esta situação evidencia que a falta de docentes não é apenas uma questão estatística, mas um problema estrutural com impacto direto na igualdade de oportunidades. A dificuldade em preencher horários, mesmo os de poucas horas, demonstra a baixa atratividade da carreira docente e as dificuldades de recrutamento que o sistema enfrenta. A solução de recurso a horas extraordinárias, mencionada pelo ministro, é vista por muitos como uma medida paliativa que sobrecarrega os professores já em funções e não resolve a carência de base, que se deve em grande parte ao envelhecimento da classe e à falta de renovação de quadros. O encerramento de ofertas formativas como o ensino noturno é um sintoma grave desta crise, limitando o acesso à educação e à qualificação profissional de uma faixa significativa da população.