O ensino superior em Portugal enfrenta um período de tensão, marcado pela decisão do Governo de aumentar o valor das propinas e pela crescente dívida dos estudantes às instituições. Enquanto o ministro da Educação considera o tema das propinas um “assunto encerrado”, os estudantes contestam e alertam para as dificuldades financeiras que comprometem o acesso e a permanência na universidade.\n\nO ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, afirmou que a questão do aumento das propinas, que passarão de 697 para 710 euros a partir do ano letivo 2026/2027, é um “assunto encerrado”. O governante defendeu que o foco dos estudantes deveria estar na ação social e no alojamento, que considera serem os verdadeiros entraves à igualdade de oportunidades. “Não consigo perceber como é que os estudantes não lutam por aquilo que verdadeiramente importa”, declarou, argumentando que a redução das propinas seria “extremamente injusta”, pois significaria que as famílias dos alunos que não acedem ao ensino superior estariam a financiar os que lá estão.
Em resposta, várias associações de estudantes agendaram uma manifestação para 28 de outubro, junto à Assembleia da República, para exigir a reversão do aumento e o regresso ao caminho da gratuitidade.
A contestação surge num contexto em que a dívida dos estudantes às instituições públicas atinge valores alarmantes.
Dados de 14 universidades e politécnicos revelam uma dívida acumulada de mais de 36 milhões de euros nos últimos três anos letivos, com o ISCTE a liderar a lista com 15,8 milhões. As federações académicas associam este incumprimento aos atrasos no pagamento das bolsas de estudo, uma relação que o ministro nega, afirmando que o processo de pagamento das bolsas “tem vindo a melhorar”.
Em resumoO debate sobre o custo do ensino superior intensificou-se com o anúncio do aumento das propinas, considerado um “assunto encerrado” pelo Governo, mas fortemente contestado pelos estudantes. A situação é agravada pela dívida acumulada de mais de 36 milhões de euros em propinas, que as associações de estudantes ligam aos atrasos nas bolsas, criando um clima de instabilidade financeira para milhares de jovens.