Os números são alarmantes: dos 1552 concursos para especialidades hospitalares, apenas 793 vagas foram ocupadas, e anualmente, 1500 novos enfermeiros — metade dos que se formam — solicitam à Ordem a declaração para exercer no estrangeiro.
A situação é agravada pelo descontentamento com as condições de trabalho, como evidencia a Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que acusa o Ministério da Saúde de tentar impor uma “mobilização forçada” de médicos para as novas urgências regionais, uma medida que consideram “coerciva e ilegal”. A FNAM mantém, por isso, um pré-aviso de greve nacional para 24 de outubro, alegando que o Governo se recusa a negociar a carreira médica e implementa medidas que “põem em risco a população”. Esta crise de atratividade e retenção de profissionais no SNS, marcada por baixos salários, sobrecarga de trabalho e falta de progressão na carreira, é um paralelo direto aos problemas enfrentados pelos professores em Portugal. A dificuldade em preencher vagas, a emigração de talentos e a contestação laboral demonstram um problema sistémico na valorização dos profissionais dos serviços públicos essenciais, com consequências diretas na qualidade dos cuidados de saúde e da educação prestados aos cidadãos.














