A Federação Nacional da Educação (FNE) alerta que esta realidade compromete a qualidade do ensino e o bom funcionamento das escolas.

O estudo, realizado em outubro pela FNE em parceria com a Associação para a Formação e Investigação em Educação e Trabalho (AFIET), contou com a participação de mais de dois mil docentes de todo o país e traça um retrato preocupante das condições de trabalho na classe.

Os resultados indicam que a burocracia é uma das principais fontes de desgaste, com 37% dos inquiridos a afirmar que a carga burocrática aumentou e 57% a considerar que esta se mantém elevada. A FNE sublinha que as medidas de simplificação anunciadas pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI) "ainda não tiveram efeitos concretos no quotidiano das escolas".

Para além do excesso de trabalho administrativo, o inquérito expõe outras carências estruturais. Cerca de 60% dos professores afirmam não dispor de espaços adequados para o trabalho individual ou colaborativo, e apenas 30% consideram que os equipamentos tecnológicos são funcionais e suficientes para as necessidades letivas. Esta falta de meios materiais e tecnológicos, aliada a deficiências estruturais em um terço das escolas, cria um ambiente de trabalho que a FNE classifica como comprometedor para "o bom funcionamento das escolas e a qualidade das aprendizagens".

A federação exige, por isso, intervenções urgentes para melhorar os espaços escolares, reforçar os meios tecnológicos e garantir o cumprimento do Estatuto da Carreira Docente, eliminando tarefas que extravasam as funções pedagógicas.