Um inquérito nacional revelou que muitos professores se sentem sobrecarregados e desvalorizados, apontando a indisciplina e as tarefas burocráticas como fatores de grande desgaste.

Esta perceção é agravada pela crise de saúde mental que afeta cada vez mais crianças e jovens.

Um artigo alerta para o facto de haver escolas com mais de 700 alunos para apenas um psicólogo, um rácio que inviabiliza um acompanhamento eficaz.

A engenheira Paula Teles, especialista em planeamento urbano, corrobora esta preocupação num podcast, afirmando que “as escolas estão com crianças com muitos problemas mentais, a tomar medicação desde pequeninas, porque estão isoladas”.

Esta realidade transfere para os professores uma responsabilidade acrescida, para a qual nem sempre têm formação ou recursos. A falta de limites em casa, a ausência parental e a exposição excessiva a ecrãs são apontados como fatores que contribuem para a indisciplina e para a fragilidade emocional dos alunos.

Os docentes, por sua vez, veem-se reduzidos a “polícias de corredor”, gastando tempo e energia a gerir conflitos em vez de se focarem no ensino.

O sentimento de impotência e a falta de estratégias sistémicas para lidar com estas questões contribuem para o mal-estar e o 'burnout' na profissão docente, tornando urgente uma resposta integrada que envolva famílias, escolas e serviços de saúde.