Numa tentativa de mitigar a severa carência de docentes que afeta o sistema de ensino, o Ministério da Educação anunciou a duplicação do número de vagas para professores do 1.º ciclo no âmbito de um concurso extraordinário. Esta medida de emergência visa responder à dificuldade em preencher horários, mas levanta questões sobre a sua suficiência para resolver o problema estrutural a longo prazo. Confrontado com a realidade de milhares de alunos sem professor, o Governo decidiu agir de forma reativa, aumentando as vagas para o ensino básico de 107 para 215, um acréscimo de 108 lugares. Para além do aumento do número de vagas, a tutela prolongou também o prazo do concurso, que inicialmente terminaria a 14 de novembro, por mais uma semana, até às 23h59 de 21 de novembro. Esta decisão reflete a urgência em colocar professores nas salas de aula e evitar que mais alunos sejam prejudicados.
No entanto, a medida, embora necessária no imediato, é vista por muitos como um remendo para um problema muito mais vasto.
A falta de atratividade da carreira docente, os baixos salários, a instabilidade e a progressão lenta são as verdadeiras causas da fuga de profissionais e da falta de novos candidatos. A duplicação de vagas num concurso extraordinário pode ajudar a preencher algumas lacunas no curto prazo, mas não aborda as questões de fundo que desmotivam os professores e afastam os jovens da profissão. Sem uma reforma abrangente que valorize a carreira docente e melhore as condições de trabalho, medidas como esta correm o risco de ser insuficientes para reverter a tendência de envelhecimento e escassez de professores, comprometendo a qualidade do ensino público no futuro.
Em resumoA decisão do Governo de duplicar as vagas para professores do 1.º ciclo e prolongar o prazo do concurso extraordinário é uma resposta direta à crise de falta de docentes. Embora seja uma medida de alívio imediato, não aborda as causas estruturais da desvalorização da carreira, que continuam a ser o principal obstáculo à sustentabilidade do sistema educativo.