Esta situação anómala expõe a gravidade da crise e os seus efeitos diretos na organização pedagógica e no percurso educativo das crianças.
Um dos casos reportados envolve Melissa, uma aluna de seis anos que, em vez de iniciar a sua aprendizagem formal numa turma do primeiro ano, passa os seus dias numa sala do quarto ano.
A solução, encontrada pela escola para não deixar a criança sem supervisão, é pedagogicamente insustentável.
As necessidades de desenvolvimento e os objetivos de aprendizagem de um aluno no início da sua escolaridade são diametralmente opostos aos de um aluno que se prepara para transitar para o segundo ciclo. Esta medida improvisada, embora bem-intencionada, não substitui a presença de um professor titular qualificado para lecionar as competências fundamentais do primeiro ano. Para os encarregados de educação, a situação é fonte de enorme preocupação, vendo o percurso escolar dos seus filhos comprometido desde o primeiro dia. A prática de misturar turmas de anos tão distintos, não por opção pedagógica mas por pura necessidade, revela o desespero das direções escolares e a incapacidade do Ministério da Educação em garantir uma resposta atempada e eficaz à falta de professores, transformando a sala de aula num mero espaço de acolhimento em vez de um local de aprendizagem estruturada.














