Este apoio, crucial para muitos docentes colocados longe de casa, torna-se inacessível devido a critérios excessivamente rígidos. A controvérsia em torno do subsídio de deslocação para professores ilustra um problema mais vasto de desfasamento entre as políticas educativas e a realidade vivida pelos docentes. A Federação Nacional de Educação (FNE) denunciou casos absurdos, como o de um professor cujo trajeto entre Évora e Avis foi invalidado por uma diferença de apenas “400 metros” em relação ao mínimo exigido.
Esta rigidez burocrática tem consequências financeiras diretas para os professores, muitos dos quais enfrentam custos elevados com alojamento e transportes ao serem colocados a centenas de quilómetros das suas residências.
A situação agrava o sentimento de desvalorização profissional, somando-se a outras queixas crónicas como a precariedade, os salários considerados insuficientes e a dificuldade de progressão na carreira. Ao impor critérios tão estritos para um apoio que visa mitigar os encargos da deslocação, o sistema não só falha em apoiar os seus profissionais, como também arrisca desmotivar os docentes e dificultar a fixação de pessoal em escolas de regiões com maior carência. A rejeição de mais de 300 candidaturas por motivos aparentemente menores levanta questões sobre a razoabilidade e a justiça dos mecanismos de avaliação, sugerindo a necessidade urgente de uma revisão dos critérios para que o subsídio cumpra efetivamente o seu propósito de apoiar quem é forçado a trabalhar longe de casa para servir a escola pública.













