Ao receber o prestigiado Prémio Eduardo Lourenço, o cardeal partilhou simbolicamente a distinção com os professores, alertando para a sua crescente irrelevância social e as consequências nefastas para o país.
O gesto de Tolentino de Mendonça transcendeu a formalidade da cerimónia, transformando-a numa poderosa plataforma de comentário social e de solidariedade para com uma profissão em visível dificuldade.
Ao dedicar o prémio à "classe dos professores em crise", o cardeal não só reconheceu as lutas laborais e o descontentamento que têm marcado o setor, mas elevou a questão a um patamar de urgência cívica.
A sua intervenção focou-se no perigo da desvalorização do papel do educador na sociedade contemporânea, um fenómeno que, segundo ele, tem implicações profundas e duradouras.
A afirmação de que "a irrelevância dos professores é um alarme para as sociedades" serviu como uma advertência contundente. Tolentino de Mendonça articulou uma consequência direta desta desvalorização, declarando que "quando o investimento em educação não se realiza, é a qualificação da cidadania que diminui".
Esta perspetiva retira o debate da esfera puramente sindical ou política e enquadra-o como um pilar fundamental da saúde democrática e do desenvolvimento coletivo.
A partilha do prémio funciona, assim, como um apelo à consciência nacional para a necessidade de repensar o lugar da educação e de quem a serve, instando a uma reflexão sobre que futuro se constrói quando se negligencia a formação das novas gerações e se permite a erosão do prestígio de uma das suas profissões mais essenciais.












