Este apoio, crucial para muitos docentes, tornou-se um novo ponto de fricção entre os profissionais e o Ministério da Educação, que invalidou 460 das 6.168 candidaturas submetidas.

A controvérsia em torno do subsídio de deslocação ilustra de forma clara as condições de trabalho precárias que afetam uma parte significativa do corpo docente em Portugal. O critério para a recusa dos pedidos foi a distância entre a residência e a escola ser "inferior a 70 quilómetros", uma regra que, embora objetiva, é vista como redutora por não considerar as realidades geográficas e de transporte díspares do país. Para os professores, muitos dos quais são obrigados a aceitar colocações a dezenas de quilómetros das suas casas para garantir emprego, este subsídio não é um luxo, mas uma necessidade para mitigar os elevados custos de transporte que sobrecarregam os seus orçamentos. A situação agrava o sentimento de desvalorização e de falta de apoio institucional. A resposta do Ministério da Educação, que garantiu que os professores "podem reclamar" e que, caso se verifique que têm razão, "o resultado é alterado", abre a porta a uma correção de possíveis erros, mas, ao mesmo tempo, impõe um fardo adicional aos docentes, que têm de navegar um processo de recurso burocrático para reaver um direito. Este episódio reforça a perceção de um sistema que, em vez de facilitar, parece criar obstáculos, contribuindo para o desgaste e desmotivação de profissionais essenciais.