O sistema de ensino português enfrenta uma crise iminente de recursos humanos, com a necessidade de contratar 39 mil novos professores até 2035. Este desafio é agravado pelo descontentamento na profissão, com cerca de 20% dos docentes a admitir a possibilidade de abandonar a carreira. A necessidade de recrutamento massivo, detalhada num relatório do Conselho Nacional de Educação, deve-se ao aumento do número de alunos, em particular estrangeiros. Um outro estudo, citado pelo Diário de Notícias, reforça a urgência, estimando ser necessário contratar, em média, 3.800 novos docentes por ano para renovar o envelhecido quadro de professores. Contudo, a atratividade da carreira está em mínimos históricos, como demonstra a revelação de que um em cada cinco professores considera ativamente deixar a profissão.
As condições de trabalho são um fator central neste descontentamento. Um inquérito realizado a 1257 professores expôs 'atrasos generalizados' no pagamento de apoios extraordinários à deslocação para docentes colocados a mais de 70 quilómetros da sua residência, um subsídio que, por lei, deveria ser pago com retroativos.
Esta falha administrativa, que afeta diretamente a vida financeira e pessoal dos professores, agrava a sensação de precariedade e o desgaste profissional.
A combinação entre a elevada necessidade de novos profissionais e a profunda insatisfação dos que se encontram no ativo cria um cenário alarmante para o futuro da educação em Portugal, ameaçando a qualidade do ensino e a capacidade de resposta do sistema às exigências sociais.
Em resumoPortugal enfrenta um duplo desafio: a necessidade urgente de recrutar milhares de professores para responder ao aumento de alunos e, simultaneamente, reter os docentes atuais, que demonstram crescente descontentamento com as condições da carreira, incluindo atrasos em pagamentos de apoios.